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Everest - O Preço da Escalada e as Raças


A série veiculada pela Discovery, Everest, o Preço da Escalada exibiu ontem o sexto e último episódio, narrando uma escalada comercial ao Everest.

Um feito realizado pelos sherpas que pelo que sabemos não é tão raro, foi carregar nas costas o alpinista Neozelandes, Mark Inglis (55 quilos, primeiro homem duplo amputado a fazer o cume), até o acampamento para salva-lhe a vida.

Esse fato de extrema força e adaptação a altitude, traz a tona uma outra discussão levada a cabo pela Lucia Malla em seu blog, sobre a definição de raças (se é que elas existem no sentido pelo qual a conhecemos) e sua readaptação aos ambientes mais diversos do planeta.

Reproduzo abaixo parte de seu post que comenta a questão de raças sobre o prisma biológico dos Sherpas.

Rola a fita: o tempo passa mais e chegamos à temporada 2007 no Everest, quando um grupo de médicos de Londres decidiu fazer um experimento científico para estudar a hipóxia e a resposta cardiovascular em condições extremas, ao longo do Everest.

Levaram bicicletas ergométricas, tiraram amostras de sangue e outras peripécias em diferentes elevações da montanha, incluindo uma área acima de 8,000m, na chamada "Zona da Morte" (as medições foram feitas no Balcony, a 8,400m de altura, e não no cume, mas alguns membros da equipe
chegaram ao cume como recompensa). Nesse experimento fisiológico, embora não desenhado para estudar especificamente a adaptação natural à altitude e sim as patologias que se caracterizam por hipóxia, algumas informações podem trazer luz sobre uma população muito conhecida quando o assunto é adaptação à altitude: os sherpas.

Sabemos que há uma
adaptação fisiológica à altitude, em geral de curto prazo quando saímos do nível do mar e vamos para zonas mais altas. Entretanto, os povos que vivem em altitudes terminam por adaptar-se fenotipicamente de diversas formas à falta de oxigênio característica dessas áreas altas do planeta, como os andinos na América do Sul, os sherpas no Nepal e os tibetanos, e os etíopes na África. Todos esses povos possuem diferentes concentrações de hemoglobina, por exemplo, para aumentar a eficiência do carregamento de oxigênio no organismo se comparados com as populações que vivem ao nível do mar.

Os sherpas, em particular, possuem também
um aumento significativo da capacidade respiratória e menores danos neurológicos que os habitantes do nível do mar quando expostos às zonas altas, o que os torna um povo ideal para a vida na montanha. Muito se pode aprender estudando o povo sherpa e suas adaptações à hipóxia das montanhas. Principalmente sobre estresse oxidativo, o mecanismo por trás de processos biológicos tão importantes como as defesas imunes e de patologias como diabetes e mal de Alzheimer, entre outras.

Os sherpas são considerados hoje um grupo étnico do Nepal, dos extremamente adaptados à altitude e com fenótipo de melhor eficiência neuro-cardio-respiratória sob hipóxia - e são super-atletas quando expostos às condições normais de oxigênio. Seria essa característica suficiente para determiná-los como uma nova raça e não apenas como um grupo étnico? Acho que essa distinção, diferente de ser discriminatória, deveria ser encarada como um fato positivo, pois é exatamente a existência de um maior
pool de diversidade biológica humana, em geografias distintas, o fator que permite a evolução natural humana.

Entretanto, uma característica quando existente em apenas um grupo, embora valiosa para um determinado ambiente, não fornece amplitude adaptativa suficiente. De repente, os sherpas são mais suscetíveis a uma doença que a gente não é - ou vice-versa. E é nesse ponto que o trabalho publicado pelo Sérgio Pena - e muito claramente comentado pela Maria
aqui - se torna super-interessante: fala em apenas 3 raças gerais formadoras da espécie humana, analisando-se pelas características do DNA mitocondrial de diferentes grupos. Pena recentemente mapeou de forma muito elegante o povo brasileiro, concluindo que não faz sentido algum falarmos em raças no país, que é geneticamente uma mistureba só.

Ponto para nós na miscigenação e na assimilação dessa em nossos genes, que terminam nos dando maior amplitude adaptativa. Mas estaremos nós preparados para viver nas montanhas como os sherpas? Eu aposto que não.


Há claramente uma diferença pelo menos a nível populacional - mais extensamente, eu gostaria de chamar essa diferença de
racial, mas sem contexto algum sócio-histórico, e sim puramente biológico.

Leia aqui, o post inteiro.

Recentemente voltou a se discutir a classificação de raças no Brasil, principalmente por causa da questão de cotas raciais em universidades, empresas e concursos.

As definição por biotipos se mostram mais coerentes em vez de definições baseadas em culturas, cores, regiões geográficas ou outras terminações, demonstrando que há uma evolução ou adaptação do ser humano as mais diferentes dificuldades enfrentadas depois de sua criação.

E aí, já descobriu de raça você é
?

Mais sobre o trabalho dos Sherpas, aqui.

2 Comentários:

  1. Cid Guedes disse...
     

    Gostei muito de seu blog!

    tbm tenho um blog sobre trekking e montanhas, além de noticias das trilhas realizadas por meu grupo.

    depois da uma olhada!
    abraços!!

  2. Levi Rodrigues disse...
     

    Oi Cid,

    Obrigado pelo comentário. Já coloquei você nos meus links prediletos...

    Abs

    Levi Rodrigues

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