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O Cordada Infinita é um blog com artigos sobre Escalada, Equipamentos e Notícias relacionadas ao Montanhismo. Nasceu de uma idéia simples: Escrever, Comunicar e Divulgar fatos e opiniões sobre o mundo da montanha. É mantido por Levi Rodrigues desde maio de 2007. Se você tem alguma sugestão sobre um artigo, participe enviando sua pergunta ou opinião sobre os assuntos postados.

Alerta!...

O montanhismo é uma atividade de risco moderado quando praticada de acordo com as normas de segurança. Ao utilizar as informações contidas nesse blog, é necessário experiência e cautela na utilização de equipamentos, técnicas, conceitos e informações sobre as atividades. Lembre se: Acidentes não acontecem. São causados aos poucos

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Cinco dicas para você que está aprendendo a comer sushi ou começando a escalar

Você deve estar se perguntando qual a relação entre o sushi e a escalada. Nada!! É isso mesmo, nadinha de nada, mas como estamos acostumados a definir regras de "etiquetas" para quase tudo, resolvi montar cinco dicas das coisas que mais gosto. Escalar e depois comer sushi.

Não que eu seja um “expert” em alguma das duas atividades, mas para mim, mandar um 7º, a vista, em rocha, é tão bom e tão difícil quanto fazer um sushi bem redondinho e fresquinho.

clip_image001Reuni cinco dicas escritas pelo Sérgio Neville Holzmann em seu recém lançado livro “Sushi: Sabor Milenar”, que aliada as outras cinco que todo escalador pratica, ensina, incentiva (ou deveria fazê-los) fará com que você tenha um dia de escalada ao estilo oriental.

Com elas, você vai entender o porquê de algumas coisas e, de preferência, vai usá-las da forma correta.

Se não usá-las de imediato, é sempre bom saber o motivo de alguns costumes ou ética, que como define Marilena Chauí: “Ética, é a educação da vontade através da razão", Assim, educando nossa vontade teremos razão em nossos atos e sem ofender o vizinho do nosso lado.

Na escalada esportiva:

  • Evite pisar na corda que está no chão, isso porque pequenos cristais de areia podem entrar na corda e aumentar um processo de ruptura das fibras internas. A corda para montanhista é quase sagrada, é um elo de vida entre o guia e o segurança, por isso o cuidado até excessivo é sinal de respeito.
  • A pessoa que está dando segurança ao guia, não deve ser incomodada, pois sua atenção está totalmente voltada a segurança do escalador. Eu iria até um pouco mais, se tiver que conversar com o cara que está do outro lado da pedra, não grite, vá até lá.
  • Vai levar lanches, refrigerantes, água em garrafas. Traga tudo de volta em saquinho de lixo, até aquele esparadrapo* que você nem imagina como ele chegou até aquele ponto tão inacessível.
  • Não se esqueça que você deve estar em uma propriedade particular ou mesmo em algum lugar de sítios e pequenas fazendas. Respeite a propriedade (cercas, casas, vegetações e animais) e compreenda a curiosidade e a vida simples das pessoas da região.
  • Acima de tudo, veja pelo lado positivo o calor e os insetos, a falta de banheiro e o meio ambiente a sua volta e sim, faça parte dele, sem degradá-lo mais.

No Sushi

  • Em qualquer pausa durante a refeição, deposita-se o hashi em paralelo ao balcão, no suporte apropriado (oki), jamais apontando para o itamae-san: é agressivo! Se não houver oki, pode-se usar o próprio invólucro de papel, dobrado. Há quem faça as dobraduras tão bem que os invólucros improvisados como suporte resultam em belos origamis.
  • Nunca 'afie' os pauzinhos, um contra o outro: fazer isso significa insinuar ao itamae-san que os hashi da casa são de qualidade inferior.
  • Ter o próprio hashi, todo decorado e dentro de uma caixinha, guardado no sushi-ya predileto é um estranho costume brasileiro, provavelmente introduzido para fidelizar clientes, mas sem qualquer vínculo com a tradição japonesa. Além disso, que eu saiba, ninguém guarda seu próprio garfo e sua faca na churrascaria preferida...
  • Nunca use o próprio hashi para servir os outros. Se houver prato, estenda-o para a outra pessoa; se não houver, use as pontas superiores do hashi para colocar a peça no balcão. Jamais a passe diretamente para o hashi do companheiro.
  • Gesticular com o hashi nas mãos é deselegante _tanto quanto fazer isso com o garfo e a faca.

Dito isso, agora e só marcar com os amigos um dia de escalada e depois um bom sushi ou sashimi na casa de algum deles, para relembrar das peripécias do dia.

* Escaladores, costumam machucar as mãos escalando, por isso sempre estão com esparadrapos nos dedos, mas de vez em quando eles caem no chão.

Ser ou não Ser um Montanhista. Eis a Questão.

Recordo-me claramente da minha primeira via clássica. Uma escalada de 7 enfiadas na pedra do Baú em SP. Escalada que me proporcionou um sentimento de satisfação diferente de tudo, desde o entardecer que se aproximava, o trabalho em equipe para tirar os equipamentos da parede, ao vento gelado no cume, que insistia em bater em meu rosto, até prometi a mim mesmo que essa seria minha vida dali para frente.

E mudei mesmo, desse dia em diante, só tinha olhares para a montanha, meu ouvido filtrava todo assunto que se relacionava a isso e toda outra atividade esportiva, mesmo as ligadas a natureza não eram tão boas o suficiente para me motivar, cada uma tinha seu defeito. Ou eram comerciais demais, radicais ao extremo, caras, na verdade defeitos não faltavam.

Os anos se passaram e lá estava eu no auge dos meus vinte anos até que um amigo meu, instrutor de mergulho, me convidou para fazer um curso de mergulho que ele ministrava.

Eu logo de cara, disse:

- Nem vem, não tenho dinheiro e mesmo se tivesse, não gastaria tomando cerveja com aquele bando de mergulhadores barrigudos.

Mas o cara insistiu tanto, que acabei topando fazer o curso. Na primeira aula o instrutor foi me informando sobre o conteúdo do curso, como funcionava a estrutura da base, as homologações, foi explicando até que fiquei assustado.

O que era aquele negócio barotrauma? Como é que eu iria respirar debaixo d'água? É sério que eu teria que tirar a água da máscara debaixo d'água? Nitrox, pressão barométrica, eu nem imaginava que era tão complexo mergulhar.

E ainda por cima descobri que não podia comprar meu equipamento e mergulhar, eu teria que ser homologado por uma empresa credenciadora, como a PADI E PDIC.

Ahh, isso para mim era um absurdo...

Enfim, acabei descobrindo um monte de coisas legais, descobri que o mergulho era extremamente mais organizado que o montanhismo, pois definia regras claras do comportamento de cada mergulhador no mar, descobri que era mais respeitado pelos órgãos governamentais, mas minhas surpresas nem tinham começado.

Feito o curso, agora tinha que fazer o chekout (batismo) e meu amigo disse que iríamos fazer diferente.

No dia combinado fui com ele para Paraty, fomos num veleiro para dormir embarcado e no dia seguinte fazer o teste prático.

Como nunca tinha entrado em um veleiro, tive que aprender as regras básicas como o uso responsável da água, o trabalho em equipe com as cordas, a adaptação na hora de dormir em suas pequenas acomodações (porém, maiores que minha barraca), bem como pude ver a terra de um ângulo diferente, do mar para o continente e outros visuais que nunca tinha visto por esse prisma.

No dia seguinte, os ajudei a fazer uns testes, marcando o tempo de nado numa certa distância e outros exercícios que depois vim a descobrir que era TAFFO, um teste que cada instrutor tem que fazer a cada ano, para verificar suas aptidões físicas.

No fim, aprendi muito, mergulhei e vi que minha idéia sobre as atividades ao ar livre estavam erradas. Um velejador e um mergulhador olham para o mar, como um montanhista olha para as montanhas e imagino que um mountain biker deve sentir emoções parecidas, assim como o que pula de asa delta e outras atividades ligadas ao meio ambiente.

Hoje tenho planos de outros tipos de aventura, talvez uma pernada de bike até a patagonia, uma canoada em volta da ilha bela ou mesmo uma boa volta no mundo de veleiro, mas isso é só um sonho mesmo....

O cicloturismo vai ser a primeira delas. As bikes que me aguardem...

Cotidiano | Três bons e Maus motivos para viver em São Paulo

Há pelo menos três bons motivos para viver em São Paulo, como também três maus motivos para estar nessa que é a principal cidade da América Latina.

É claro que poderíamos fazer várias listas temáticas que também teriam seus lados bons e lados ruins e alguns dos motivos não são exclusividades apenas de São Paulo, mas isso depende muito da interpretação de cada um.

Será que você concorda com meus motivos?

Três Bons Motivos

1º – Cultura – Como sempre, um dos melhores motivos é a diversidade cultural, gastronômica e de entretenimento que São Paulo oferece, são inúmeras as livrarias como a Livraria cultura da Paulista (minha predileta) que tem em seu catálogo livros de montanhismo, mapas e guias em inglês ou em português. Próximo também há inúmeros restaurantes e bares dos mais diversos estilos.

No quesito entretenimento, a cidade tem de tudo, cinemas, shows, teatros e exposições são freqüentes e para todos os bolsos.

2º – Compras – Parece coisa de consumista exagerado, mas deixando os preconceitos de lado, São Paulo é uma cidade onde se encontra de tudo. Empresas encontram todo tipo de matéria prima, ruas temáticas como a 25 de março e o bairro do Canindé são referências nacionais em consumo popular, o que permitem que você, mero cidadão possa optar por comprar um produto em uma loja de shopping ou comprar o mesmo produto por um preço bem menor numa rua popular.

Sem se esquecer das principais lojas de montanhismo que apesar do preço, dispõe de uma grande variedade de equipamentos.

3 – Cursos e Educação – Esse ponto é muito importante. Cursos dos mais variados temas são encontrados em qualquer lugar, sejam profissionalizantes, MBA, graduações, cursos esportivos como os ministrados nas academias de escalada, cursos e degustações voltados ao pessoal gourmet, enfim, tudo o que quiser aprender, encontrará em SP.

Três Maus Motivos

1 – Vida Urbana – Esse é motivo de tantos acidentes, violência, discrepância social, corrupção e as demais conseqüências do capitalismo paulista. São Paulo é extremamente conturbada, há muitos, mas muitos carros mesmo, faltam transportes coletivos de qualidade, conforto e segurança, não há ciclovias, perde-se muito tempo no trânsito, há muitos acidentes por conta do stress gerado por este trânsito urbano.

E principalmente, não há áreas verdes acessíveis a todos.

2 – Meio ambiente – Dizem que mais áreas verdes resolveriam boa parte dos problemas de São Paulo, mas não é verdade. O problema não está no meio ambiente e sim nas pessoas.

São poucas aquelas que tiveram acesso há noções básicas de educação ambiental, por isso, muito lixo é jogado nas ruas, há uma poluição física e sonora exagerada, faltam regras mínimas de convívio social voltada para ambientes urbanos e o mais importante: Os pontos de escalada ou mesmo a Serra da Mantiqueira está a muito mais de 100km de distância.

1 – Educação – Apesar de ser a cidade que mais oferece opções de estudo, são poucas as pessoas quem tem condições de acesso, criando uma total desordem profissional e educacional.

Não há incentivo para pesquisa, professores ganham super mal e ainda são obrigados a conviver com a violência e falta de interesse e desrespeito por parte dos alunos. O ensino é cada vez mais fraco, criando uma geração inteira de analfabetos funcionais (sabem ler, mas não sabem interpretar), não há condições criativas de ensino, utilizando conceitos ultrapassados e de cunho político de esquerda.

Enfim, a educação em São Paulo e no grande ABC é um motivo digno de repugnância, motivos para se lamentar do descaso em que se encontra a educação que já foi a melhor do país.

De quantos cumes precisa um Montanhista?

Leon Tolstói, um dos grandes escritores russo, descreveu a ganância por terras em um texto com título “De quanta terra precisa um homem?”, um conto de 1886.

No conto, um camponês que foi ficando rico e ganancioso chamado Pakomé, fica sabendo de uma terra muito mais fértil do que a sua, as terras dos Bashkirs, à frente do Rio Volga, com uma “gente simples” e “facilmente conquistável”, essa era a informação que foi passada a Pakomé.

De posse dessas informações, parte para sua jornada até a terra referida. Quando finalmente chega aos domínios dos Bashkirs, é informado que por mil rublos ele pode ter tanta terra quanto nela puder andar durante um dia inteiro, desde que retorne ao ponto de partida antes do sol se por.

Pakomé, fica exultante e assim que acertado os dados do contrato se põe a andar para pegar a terra que “precisava”, avista uma paisagem mais bonita do que a outra, um lago ali ou terra fértil acolá, colinas, pastos e assim vai andando o mais rápido possível, até deixa de carregar sua mochila que continha pães e água, afinal quem se preocuparia com fome num dia como aquele.

Depois de certo tempo percebe que o sol começa a se pôr. Diante do risco de perder tudo, começa a correr cada vez mais depressa para fazer a tempo o percurso de volta. “Peguei demais”, diz a si mesmo, “e arruinei tudo”. Ele corre o mais rápido possível, mas o sol parece correr mais do que ele.

O tamanho do esforço acabo por mata-lo . Ele morre a dois metros do ponto de partida e ali mesmo é enterrado.

Tolstói conclui: “Seis palmos da cabeça aos joelhos era tudo o que ele precisava”.

Essa idéia de ganância, anda me perseguindo desde a série “Everest, O preço da Escalada” e ainda me pergunto qual será o real sentido para aqueles caras estarem escalando a montanha.

Será que é pelo visual? Pelos amigos? Pelo desafio físico? Ou pelo simples prazer de estar na montanha?

Não sei, mas não me parece que seja por nenhum deles, e sim pela glória ao próprio homem, pois acreditam que ao voltar, serão considerados como semideuses, super-homens capazes de galgar as maiores dificuldades impostas ao seres humanos, enfim, heróis humanos ainda vivos.

Afinal, eles estiveram no ponto mais alto da terra, e olhando por outro prisma, o local mais próximo do céu e de Deus.

É bem verdade, que o montanhismo nos proporciona uma sensação de sermos os únicos, de sermos privilegiados por estarmos ali pelos nossos próprios esforços, mas isso tem que ter limites, senão a mídia nos transforma em super-homens, que não somos, e aos poucos somos levados pelas glórias dessa "conquista".

Por isso, a frase “maldito o homem que confia no homem” (no sentido de confiar muito nele mesmo) é cada vez mais real em nossos dias.

Devaneios de uma fria manhã


Essa manhã estava olhando a previsão do tempo para algumas regiões que gosto de ir. Em Monte Verde estava 3,4º às 9:00h da manhã, Itatiaia tinha mínima de 11º e para Teresópolis a máxima era de 25º.

A previsão para SP é de temperatura mínima de 8º, o que torna essa a pior época do ano para se morar aqui. Levanto por volta das 6:15 da manhã e praticamente vejo o nascer do sol todos os dias da minha janela (abençoado, poderiam me dizer), mas na verdade, é uma tortura!

A cada vez que a temperatura passa para abaixo dos 10º, minha mente se foca em apenas uma coisa. Onde poderia estar a essa hora? Se fosse de manhã, me imagino acordando na crista do Sino (PARNASO) e sabendo que a previsão era de 9º mínimos para Teresópolis, já posso imaginar que lá em cima deva estar próximo ao zero e com uma sensação térmica de aproximadamente -15º.

A tarde já me imagino andando pelas encostas do Aparados da Serra (RS), com sua temperatura girando em torno dos -2º e sensação de -20º e a noite bivacando em qualquer uma das montanhas da Serra da Mantiqueira, tomando meu chimarrão bem quente e me preparando para uma noite muito fria.

Chego até imaginar, como seria bom, passar na Anhanguera ou pela bandeirantes , olhar para o Pico do Jaraguá e ver em volta do seu cume uma leve borda branca, de neve, resultante da noite fria que São Paulo poderia ter...