Itatiaia, os 70 anos de um parque proibido.
O primeiro e mais antigo parque nacional do Brasil, o Itatiaia, completou setenta anos na semana passada num evento que reuniu prefeito, montanhistas e entidades ligadas ao parque, onde se discutiu e mostrou novos projetos tanto para a parte alta como para a baixa.
Não vejo nada de positivo nessas comemorações, ou melhor dizendo, há muito tempo sou cético com qualquer intenção do governo e da prefeitura com relação aos parques nacionais, simplesmente, porque o histórico mostra que essas iniciativas sempre acabam com medidas negativas e drásticas, como proibições e normas de pouca ou nenhuma utilidade.
Conheço o Itatiaia para lá de 10 anos e sempre tive problemas seja com as áreas de acampamento, com as trilhas fechadas, polêmicas no cadastramento de guias, devastação pelo fogo e mau uso em geral do parque e tudo com a "autorização" da prefeitura, do parque, do governo, do IBAMA e dos demais órgãos ligados a toda essa "burrocracia" que envolve as questões ambientais.
Recentemente houve uma prova do Ecomotion/PRO, dentro do parque, utilizando trilhas que estavam fechadas a muito tempo, com a promessa que depois do evento elas seriam abertas ao público, graças aos acordos que prometiam verbas para investimento na manutenção das trilhas e principais pontos de visitação e também para a infra-estrutura do parque, o fato é que já se passaram mais de seis meses e nada de abertura de trilhas.
Por esse e outros motivos parecidos, o parque é uma grande decepção para muitos montanhistas, que sabem de sua beleza, mas não podem usufrui-lo de maneira legal.
Espero que um dia isso mude, espero que ao chegar à portaria do parque, seja informado que no valor do ingresso, está incluso uma carta topográfica com as principais trilhas mapeadas, com todas as indicações sobre as áreas de acampamento, água, vias de escalada, um pequeno manual com regras de mínimo impacto e de como se comportar com a fauna e flora e principalmente que tenha que assinar um termo de responsabilidade civil, onde se assume o risco por não estar contratando um guia (que hoje é obrigatório), bem como pelos atos cometidos dentro do parque, que podem e devem ser penalizados pela justiça convencional, caso haja algum infração.
Fica aqui o protesto e a critica construtiva de mais um montanhista frustrado, por não poder usufruir de todas as maravilhas que D. Pedro viu ao vislumbrar o primeiro parque do Brasil, o Parque Nacional de Itatiaia/RJ.
E apesar dos pesares, o Itatiaia continua alucinante!