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O Cordada Infinita é um blog com artigos sobre Escalada, Equipamentos e Notícias relacionadas ao Montanhismo. Nasceu de uma idéia simples: Escrever, Comunicar e Divulgar fatos e opiniões sobre o mundo da montanha. É mantido por Levi Rodrigues desde maio de 2007. Se você tem alguma sugestão sobre um artigo, participe enviando sua pergunta ou opinião sobre os assuntos postados.

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Opinião: Patrocínio x Cultura

por Levi Rodrigues

Muito tem se discutido sobre patrocínio de atletas e eventos no mercado de aventura do Brasil. E querem saber minha opinião sobre o assunto? Vai continuar assim muito tempo.

É claro que não é o ideal e tem muita gente tentando mudar a situação, mas as dificuldades formam um “crux” tão difícil, que não vejo outra saída a não ser “desescalar” essa via chamada Patrocínio e deixar como está – pelo menos até a situação mude um pouco.

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As dificuldades mencionadas acima abrangem vários setores da sociedade, desde os próprios empresários do ramos, ao governo e principalmente a cultura social do Brasileiro, que de maneira simples e rápida, vejo da seguinte forma:

 
  • Empresários: Por mais romântico, admirador ou simpatizante que seja o empresário brasileiro de montanha, chega uma hora que ele precisa decidir se quer ganhar dinheiro ou viver de sonhos – Na verdade a maioria das empresas brasileiras passaram por isso no final dos anos 90 - com isso eles precisaram definir de forma clara onde investir o dinheiro e qual será retorno desse investimento. Não preciso nem me aprofundar muito para dizer que investir em um atleta ou evento, quase nenhum retorno dá, a não ser uma maior exposição da marca para meia dúzia pessoas. Logo, porque investir se não vou vender mais?
  • Governo: Futebol, Vôlei, Basquete são atividades populares que podem ser usadas de maneira social para tirar jovens da rua, sociabilizar, educar, divertir e principalmente - todo mundo sabe como ensinar ou aplicar com retornos quantitativos, já a escalada se resume a uma atividade elitizada, técnica, cara e “perigosa”. Logo, porque sendo eu o governo iria investir em um “esporte” que ninguém sabe como funciona e com um retorno duvidoso?
  • Cultura: Aqui está o “crux” da questão, quase ninguém sabe nada sobre o que é meio ambiente, a não ser que ‘alguém’ deve protegê-lo. Mas protegê-lo de quem? De nós mesmos, é claro! Assim temos uma situação onde devemos ensinar e aprender sobre o que seria melhor para o meio ambiente, mas sem tocar nele ou vivenciar essa realidade. A educação na escola aborda temas sobre os biomas, climas, terrenos, rochas, mas tudo teórico e nada pratico. Minha opinião é que educação ambiental se faz no meio ambiente e não fora dele sendo uma responsabilidade dos pais e não do governo. Logo, como podemos ensinar uma criança a preservar as montanhas se ela nunca foi à uma montanha?

Mas então, como mudar isso tudo? Simples reeducando nossos filhos, parentes, amigos e os mais próximos. E de que forma? estaonatureza001

 

  1. Educando desde pequeno. Levando crianças a parques, montanhas e praias, para acampar e vivenciar o que é uma “vida ar ar livre” . E viagens podemos mostrar as diferenças que podem ser vistas de uma cidade/estado para outra e o que podemos fazer para viver melhor aquele momento. Lembrando que mostrar, não do vidro do carro, e sim, ir até o local. Abordo melhor esse tema em meu outro blog, o Good4kids.
  2. Criando atividades para jovens e adultos. Uma dica legal é levar pessoas mais próximas a pequenas caminhadas. Aqui em SP e arredores (200km), temos diversas opções agradáveis e não tão “radicais” para quem nunca fez uma atividade outdoor. Ex: Serra da Cantareira, Trilha das Flores (Extrema), Pedra Grande (Atibaia), Cumes de Monte Verde e São Francisco do Xavier, Horto de Campos do Jordão.
  3. Mostrando em casa em vez de falar. Em vez de falar sobre montanhas, educação ambiental e blá, blá, mostre em casa como essas atitudes podem ser adotadas em ambiente urbano. Mais informações sobre o assunto, leia o post Como é difícil viver de maneira sustentável.
  4. Participando ativamente dos eventos e atividade da sua cidade. Apesar da panorâmica pessimista, participar das atividades e eventos propostos por clubes entidades – ligados ou não montanhismo – é a melhor forma de compreender o que é realmente necessário fazer e principalmente, o que é viável.
  5. Estar a par do que estão fazendo. Nem sempre podemos fazer alguma coisa, mas é bom estar ciente do que está tramitando no governo no que se refere às questões ambientais para evitar que leis absurdas sejam aprovadas sem a devida discussão

Mas voltando ao tema do título. O que isso tudo tem haver com patrocínio de atletas e eventos de aventura?  Agora é mais simples responder.

Quando as atividades ao ar livre estiverem presente na cultura de uma sociedade (seja ela local ou não), o governo se verá obrigado a legislar sobre o assunto, já que a pressão será maior e pode não parecer, mas o papel do governo é fundamental na questão legal para permitir ou coibir abusos, que será proporcionalmente a quantidade de pessoas frequentando ambientes abertos.

Esse também será o fator de investimento privado (ou não) em eventos, atletas e produtos para aventura, pois escalar, acampar, caminhar, andar de bike, e outras atividades nesse contexto agora fazem parte da rotina de uma sociedade.

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