Hummm!!!. Estou apertado. E agora?
Eis um grande momento para quem está começando suas caminhadas e travessias em montanha.
A hora de ir ao banheiro.
Eu nunca tive muitos problemas, mas conheço pessoas que tem sérios dilemas na hora de fazer, o dito "nº 2".
Esse duelo psicológico envolvendo as normas de conforto e "segurança" impostas pela cidade versus o mais básico dos instintos do nosso organismo, pode ser explicado através de pelo menos, duas questões: Que facilitam ou complicam nossa ida ao "banheiro".
A primeira é a Cultural:
Meu pai sempre me levou para colher mangas, pescar ou mesmo para dar umas caminhadas em sítios e fazendas.
Com isso fui crescendo e me acostumando com a possibilidade de visitar alguns matinhos de vez em quando, o que facilitou muito depois de grande, minhas idas aos mesmos matinhos.
Porém, da mesma forma que tenho uma certa facilidade provocada por uma questão paternal, também existe o oposto, principalmente quando a criança é privada do contato com a natureza e de suas características, como chuva, o vento e o calor.
Sem contar todas as lendas urbanas sobre cobras, desconforto, anti-higiene e segurança.
A segunda é Biológica:
Sou um cagão. É duro confessar, mas sou. Só eu sei os apuros que passo na cidade grande com esse meu intestino que não gosta de esperar nem um minutinho sequer.
Ele é exigente, tem que ser na hora!
Mas também há pessoas que conseguem segurar por dias (principalmente mulheres) suas necessidades dentro do organismo, criando uma resistência biológica e psicológica muito superior a da média das pessoas, quando na cidade.
Dessa forma diminuem muito suas visitas ao "banheiro natural" e as possibilidades de irem se acostumando com esse ato tão comum do ser humano.
É claro que na cidade eu me sinto mais a vontade, principalmente no banheiro da minha casa, mas não que na montanha seja uma tortura, ainda mais porque sei que lá banheiros não faltam, o que nem sempre acontece na cidade, me obrigando a correr atrás de qualquer biboca por aí.
Dicas Importantes
Em caminhadas procuro sempre resguardar as regras Básicas de Mínimo Impacto, que resumidamente diz:
- Cavar um buraco de 15cm (ou do tamanho suficiente) a pelo menos 60m de qualquer curso dágua, longe de trilhas, casas e o menos exposto possível, pra fazer suas necessidades.
- Tampe com a terra que tirou as necessidades e traga de volta o papel higiênico.
Quanto a esse assunto do papel, existe uma polêmica, com alguns dizendo que por ser biodegradável, pode-se enterrar junto e outros alegando o impacto ao solo e que polui o ambiente visual.
Deixo para a consciência de cada um, que medida tomar quanto ao papel, porém seguindo essas pequenas regras estaremos mantendo nossas trilhas Limpas, sem rastros e Cheirosas.
Nesse tempo de idas e vindas aos matinhos, acabei desenvolvendo uma técnica para ajudar meus amigos e principalmente as mulheres na hora de enfrentar esse desafio.
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Passei a dar notas a cada local escolhido, por isso sei que aquele cantinho lá na ponta da crista do Açu (PNSO), quase começando a descer, com todo aquele visual para o Rio de Janeiro é nota 10, acabo até esquecendo o que ia fazer lá. Mas também tem aquele depois do Elevador, inclinado e com um matinho espetado (capim Gordura ou Anta) que só pinica, é claro que esse é nota 2. Dois só por conta do visual do montanha na frente, senão seria 0. Aí aprendo onde ir e onde não ir.
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Como sei mais ou menos à que horas o meu intestino vai funcionar, acabo por me preparar antes, já pego meus saquinhos com a pazinha e o papel higiênico. Dou aquela disfarçada, dizendo que vou dar uma voltinha de fim de tarde, assim não "levanto a lebre" para ninguém e ainda fico sossegado por lá.
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Ao sentir a "aquela vontade", procuro um local o mais agradável possível, de preferência plano, longe de qualquer trilha ou da possibilidade de ser visto, pego uma pedrinha para colocar debaixo da bota, facilitando por assim dizer o ângulo de saída.
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Sinta-se bem com você mesmo, procure fazer desse momento o mais agradável possível (por pior que pareça), assim será mais rápido.
Essas dicas valem para travessias em montanhas e talvez para campings em praias desertas ou outras caminhadas mais leves. Mas em escaladas em rocha e em gelo as regras já são diferentes.
Escalada em rocha: O melhor é o uso do Shit Tube. Um tubo de PCV com tampa, para fazer e trazer de volta suas necessidades.
Escalada em gelo: Também se usa o Shit Tube, mas em escaladas comerciais são montados banheiros próprios para o pessoal, até existe um acessório curioso para que as mulheres possam urinar em pé. O Freshette.
Uma boa dica de como é importante essa questão, é a quantidade de produtos vendidos na REI (tradicional loja americana de produtos pra aventura), na seção de Higiêne.
Leia mais:
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Um ótimo texto abordando o mesmo assunto, escrito pelo Vinicius.