.:. Cordada Infinita .:. Blog de Escalada e Montanhismo.

Estamos no ano de 2020, o governo brasileiro decreta que toda atividade ao ar livre, como caminhadas, corridas, mergulho, vôos de asa delta, paraquedismo, mountain bike e outros esportes praticados fora do ambiente urbano estão proibidos.

Proibidos, porque causam muitos impactos ambientais, geram muitas polêmicas entre os atletas, além do grande consumo de combustíveis não renováveis para se locomover aos locais das atividades, e nesse tempo é fundamental a economia dessas fontes de energia.

Como um grande percentual dos praticantes é jovem, e não querendo entrar em atrito com a parcela mais velha da população, o governo resolveu abrir uma consulta pública, com a seguinte pergunta:

Porque as atividades ao ar livre deveriam ser permitidas? Quais seriam os benefícios para nossa sociedade?

Se obtiverem cinco ou mais respostas satisfatórias, revogarão a lei de proibição.

Com outro tema, uma pergunta parecida foi colocada perante um grupo de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. O resultado não poderia ser pior, mais de 90% tiveram dificuldade, média ou alta, para formular cinco respostas satisfatórias.

Esse caso mostra a facilidade que temos em criticar ou achar falhas e a dificuldade em expor os pontos positivos nas mais diversas situações que vivemos.

Faça o teste e opine sobre o tema!!!!

Em uma ponte de 30m, com uma queda livre de 12m e um peso de aproximadamente 110 Kg, com duas cordas, sendo uma Beal e outra Edelweiss de 10,5 mm. Quantas quedas aguentariam essas cordas?

Essa pergunta foi enviada por um leitor, ao técnico da Desnível, Kike Fernandez e retrata uma prática conhecida no Brasil como “Hope Jump”, prática que era comum no viaduto da Av. Dr. Arnaldo até meados de 2005, quando foi proibida toda e qualquer atividade com cordas no viaduto.

Fernandez, ressalta que uma corda dinâmica de escalada é desenvolvida e testada para suportar até 5 quedas em fatores* próximo ao 2 (testado em laboratório com 1,77 e 80kg), durante a queda a massa corporal de uma pessoa varia de 300 a 750 decanewtons (um daN equivale a quase um Kilograma-força) o que se entende ser o máximo que o corpo humano suporta com segurança.

A questão é – Porque desafiar os conceitos de segurança? Porque desafiar a vida? Essas são perguntas que talvez nem tenham uma resposta.

Dan Osman, se confrontado com a realidade de sua vindoura morte, dada as suas praticas de “Hope Jump”, deixaria de praticá-las? Acredito que não.

O que se entende, é que cada um tem suas verdades e seus motivos para estar na montanha e deve saber qual o nível de segurança favorável a si próprio.

A falta desses critérios levam a conclusões e conhecimentos superficiais sobre os princípios básicos de segurança e talvez por esse motivo, pensamentos como “radicais” e “perigosas” são comuns na impressa e no linguajar das pessoas** quando relacionado as atividades de aventura, fato que talvez deva motivar adolescentes/jovens a experimentar e desafiar novos limites sem a devida noção de segurança e de respeito a vida.

Penso que o bom senso já seria um bom mediador em situações como essas, o próprio Fernandez, aconselhou o jovem a evitar esse tipo de atividade, a não ser que possua conhecimentos técnicos mais próprios de um engenheiro do que de um esportista.

Não se basear nos conhecimentos adquiridos pela internet, dado a complexidade envolvida no processo e no potencial risco de morte e não desafiar a vida, já teria sido uma ótima resposta.

* Fator de Queda é um conceito utilizado para definir as consequencias de uma queda em equipamentos ou mesmo a probabilidade de ruptura da corda. O conceito diz: Em uma queda, a quantidade de corda que absorve o impacto deve ser igual ou maior do que a quantidade de corda ativa (corda ligada ao escalador)

** Prefiro pensar que atividades ligadas ao meio ambiente vão muito além da noção de radicalidade, como é exposta, idéia que remete há uma sensação momentânea, adrenalina e superficial e não como um modo viver, uma filosofia de como interagir com outras pessoas e com o meio ambiente.

O Cordada Infinita surgiu a pouquíssimo tempo, mais precisamente em maio desse ano, com a proposta de incentivar e distribuir textos e notícias com temáticas ligadas às atividades praticadas ao ar livre.

Assuntos mais abrangentes como tecnologia, opinião e equipamentos, também terão uma abordagem ligada ao montanhismo, criando assim links com as mais áreas do nosso cotidiano.

A verdade, é que meu maior prazer está em compartilhar com outras pessoas informações e opiniões sobre este assunto. Temos alguns outras opções de informação, como as listas de discussões dos clubes e federações, o excelente HangOn, além de alguns sites como Webventure e o Alta Montanha.

Mas esta realidade está começando a mudar e cada vez mais rápido. Mês a mês eu percebo o surgimento de novos sites e principalmente de novos blogs, ajudando a colocar mais conteúdo de qualidade em meio a tanta baboseira que se encontra na internet.

Algumas considerações devem ser feitas sobre o assunto. A primeira é que Sites e Blogs, são mídias com propostas totalmente diferentes.

Os sites possuem uma abrangência maior em termos de recursos e divulgação, são as referências do jornalismo “moderno” tradicional, mas são impessoais e passam aquela imagem de profissionalismo e jornalismo sério.

Porém, são mais caros e exigem mais atenção dos desenvolvedores para manter um layout moderno e funcional. Aliado à informações atualizadas, quando bem feitos se tornam referências, como os sites da Desnível, Barrabes, Backpacker, Rock and Ice e tantas outras publicações online pelo mundo.

Já os blogs tem por característica a opinião pessoal, a informalidade na forma de redação e a facilidade de atualização do conteúdo e não necessariamente são menos qualificado do que qualquer outro conteúdo dos grandes portais.

Essa mídia tem cativado cada vez mais leitores, tanto que as principais mídias globais possuem seus próprios blogs internos, onde jornalistas expõem suas opiniões pessoais sobre as noticias veiculadas no dia.

Mas nem só de jornalistas profissionais vivem os blogs. Jovens de Bagdá publicavam minuto a minuto a invasão americana no Iraque antes mesmo da CNN, outros anunciam novidades do mundo tecnológico antes das próprias marcas.

É tamanha a importância de certos blogs, que alguns chegaram até a incomodar o gigante Estadão, (clássico jornal de SP) que criou uma campanha para desacreditar todo conteúdo gerado por “não profissionais”, isso porque estão perdendo muitos leitores para essas mídias “informais”, onde a informação é passada de maneira simples e quase sempre bem humorada.

Nesses tempos onde a informação é fator crucial na hora de comprar produtos, na formação do senso critico e principalmente na cultura envolvida nos mais variados assuntos, não tinha como o montanhismo ficar fora dessa, e o surgimento de vários blogs e sites com assuntos co-relacionados não demorou a começar.

Tenho acompanhado vários sites e blogs. Todos possuem um bom conteúdo e estão sempre atualizados, alguns semanalmente, outros diariamente, isso sem contar os sites comerciais como o WebVenture, Inema e 360º, que possuem uma boa gama de notícias e artigos sobre esportes de aventura e as clássicas listas de discussões dos clubes e federações.

O futuro será mais promissor ainda, com a divulgação cada vez mais maciça de conteúdo em formato RSS (Feeds), dos conceitos de WEb 2.0, a facilidade de criação de Gadgets e Plugins, leitores para Feeds e outras inovações, farão com que a informação se torne algo cada vez mais acessível, barato, rápido e principalmente atrativa.

O que acompanho:

Blogs: A Montanha, Wilo Montanhismo, Eliseu Frechou, Tonto, Azimutantes.

Sites Alta Montanha, SitedoDubois, Montanha.bio, Escalada Brasil, Marski Montanhismo

Depois dos cinco itens para levar em sua mochila em sua próxima caminhada, vamos tratar de outro tipo de emergência. A das necessidades de entretenimento, quando em montanha.

Quem já pegou um temporal e teve que passar horas a fio preso dentro da barraca, sabe a falta que faz um desses pequenos luxos.

1º - Música – Um tocador de MP3 ou mesmo os antigos tocadores de CD, quase não pesam na mochila e vão te proporcionar bons momentos de distração dentro da barraca ou naquela hora contemplativa do fim do dia.

2º - Cassino – Esses itens podem ser divididos entre os companheiros de “roubada”, um pode levar um baralho, outro papel e caneta para jogos mais "pensativos" ou até mesmo aqueles jogos de damas feitos de tecido. O mais importante é a criatividade para os momentos de diversão.

3º - Fotografia – Nesses tempos modernos não dá para ficar guardando na memória, as paisagens e as coisas que se passaram em sua caminhada, principalmente com o preço tão baixo das máquinas fotográficas digitais. Uma máquina simples dessas encontradas por menos de R$400,00 é leve, compacta, com uma resolução suficiente para se postar fotos em blogs, em álbuns da internet ou para revelar as fotos em papel, para aqueles que não deixam de ter o prazer de ter as fotos em mãos.

4º - GPS – Pode parecer que o GPs serve apenas para orientação, mas desde os modelos mais simples, como o E-trex (que hoje não deve custar mais do que uns R$450,00), possuem varias informações sobre sua altitude atual, pressão barométrica (que te dirá se ainda vai chover muito ou não), temperatura, pontos cardeais, hora do nascer e por do sol, além da rota seguida, isso tudo porque é uns dos mais simples, imaginem os mais modernos!!!!

Quando estou meio entediado, por motivo de chuva ou mesmo pelo prazer do ócio, lá vou eu para o GPS, ver como foi a caminhada do dia, quantos metros subi, quanto ainda falta, que horas devo acordar para ver o nascer do sol e quando percebo, lá se foram várias horas, mas sem se esquecer que ele também serve para orientar.

5º - Leitura – Mais perigoso por conta do peso, mas há aqueles que não abrem mão de um bom livro para distrair e deixar o tempo passar.

Mas o importante mesmo, é usar e abusar da criatividade.

Divirtam-se em sua próxima caminhada!!!

Você já deve ter ouvido na lista dos cinco itens mais importantes para se levar na mochila, ou seja, aqueles itens que numa emergência não poderiam faltar na mochila do montanhista experiente.

Mas se você um dia chegar numa situação de emergência a ponto de ter esses cinco itens como fator de vida ou morte, pode ter certeza que você infringiu uma série de regras básicas de planejamento e orientação para chegar nessa situação.

Caso não saiba, são eles:

1º - Saco plástico – Para fazer um abrigo ou capa contra a chuva, captar água, sinalizar ou mesmo para se proteger de insetos e outros pequenos animais.

2º - Isqueiro – Numa emergência o fogo será um item fundamental para se aquecer e cozinhar.

3º - Blusa – Pode ter certeza que se você se meteu em uma “roubada”, vai precisar de uma blusa, de preferência de material sintético e com uma boa espessura.

4º - Canivete – Aqueles com as funções básicas, laminas médias e pequenas, uma pinça, uma tesoura, chave de fenda e abridor de lata já dão pro gasto.

5º - Apito – Sua voz durará muito mais de usar um apito para pedir ajuda em vez de ficar gritando por aí, afinal essa é a primeira reação que temos em caso de emergência.

Apesar de haver uma certa discussão sobre a ordem os itens, no geral eles podem salvar a sua vida e não custa nada mante-los no cantinho da mochila.

Acho que posso dizer que ali conheci um pouquinho da tal diversidade cultural que existe no Brasil e que através do som simples, marcado pelo triângulo, serve de alegria aquelas pessoas simples do agreste baiano.

É nesse ponto que queria chegar. O ser humano possui uma enorme memória musical, que faz com que nossas emoções se tornem mais fortes e vivas através da música registrada naquele momento.

A música passa por esses tempos como um fator cultural capaz de dividir e juntar pessoas (como acontecem com os adolescentes), capaz de registrar fatores históricos importantes como shows e eventos culturais, sendo difícil imaginar a vida moderna sem essa ferramenta tão importante para se informar, se divertir e porque não, “sentir” a vida ao seu redor.

Mas a melhor parte da música em nossas vidas é a capacidade de manter viva na memória as lembranças dos momentos que nos marcaram, sejam eles bons ou ruins, fazendo que nossas histórias possuam mais um atributo na hora de ser registrada - A trilha sonora.

E você leitor, qual é a sua música?